terça-feira, 6 de novembro de 2012



(latim fides, -ei)
s. f.

1. Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.
2. [Religião]  Sentimento de quem acredita em determinados ideias ou princípios religiosos. = CRENÇA
3. Religião, culto (ex.: fé cristã, fé islâmica).
4. [Religião]  Uma das virtudes teologais.
5. Estado ou atitude de quem acredita ou tem esperança em algo. = CONFIANÇA, ESPERANÇACEPTICISMO, INCREDULIDADE
6. Fidelidade.
7. Prova.
8. Testemunho autêntico dado por oficial de justiça.
 
Ninguém suporta este tipo de espera sem um objectivo, sem a fé de ser capaz do atingir. Os não religiosos, como é (era, não sei ...) o meu caso, não têm o impulso suplementar, nem forças suplementares para além daquilo que é racional. Se a relação com o "não sei o quê" não existe, ou é limitada, como acreditar ? É um tempo de acreditar. Se não acreditar que a espera resulta, como chegar ao resultado esperado ? Daí a dúvida, daí o novo papel de uma fé, uma fé sem religião ( pode ser ?), sim, julgo que sim...

Acreditava que algo se iria passar de positivo após tudo o que já se passou, tudo o que foi vivido e revivido. Surgiu assim uma grande fé no sucesso da cirurgia, na sua realização atempada, uma fé que me fazia não estar ali apenas por mero acaso, mas sim por um imperativo que me ultrapassava, num caminho com um destino, mesmo que amanhã viesse a morrer e nada se passasse conforme o desejado.

Uma fé ajudaria, sem dúvida, mas depende da postura de cada um na vida, não será uma fé cega e sem conteúdo, sem uma verdadeira razão para acreditar. Acreditar porque sim, não ! razões existiam e muitas ! Coisas que ocorreram e que, em cada incidente, me mostrou que não era aquela a minha hora, não seria o momento em que seria chamado. Quando, depois de uma paragem cardíaca, estava rodeado de médicos que estavam a jantar no mesmo restaurante, por mero acaso, e que me salvaram "in extremis". Quando o enfermeiro estava de passagem no corredor e actou numa outra paragem cardíaca. Quando estava junto a mim um enfermeiro a recolher sangue e me reanimou com um murro salvador no peito, parece que há uma mão invisivel que me devolve à realidade, ao meu presente, salvando-me de uma morte quase certa.

Assim desenvolvi uma fé própria, em alguém, em alguma coisa, uma capacidade de salvação que por vezes ultrapassou a lógica do raciocínio que se tornou numa força pela vida, mesmo nos piores momentos, sempre acreditei, sempre foi possível para mim uma forte crença no sucesso, e que mais tarde ou mais cedo a solução estaria na minha mão, como acabou por estar. Nessa fé nunca pedi demais, sempre pedi apenas o dia de amanhã. À noite, ao adormecer pedia (a quem ?) que me fosse concedido apenas mais um dia, e agradecia o dia que ía terminar. No dia seguinte a solução poderia surgir. Acabou por surgir.

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