visita
1. Ato ou efeito de visitar.
2. Pessoa que faz uma visita.
3. Inspeção ; vistoria.
4. Cumprimentos; lembranças; saudades.
visita de médico: a que é de curta duração.
visitar - Conjugar
1. Ir ver por cortesia, dever, curiosidade, caridade, etc.
2. Inspecionar , passar revista a.
3. Viajar por, percorrer.
4. Aparecer; mostrar-se; declarar-se.
5. Dar busca a.
Perante isto, acabei por ser apenas acompanhado pela MA, as filhas, que naturalmente exigiam menos esforço da minha parte, e me traziam apoio psiquico e alimentar, e uma palavra amiga, numa fase em que praticamente nada comia, e o que me traziam do exterior era a única coisa que me agradava.
Foi dificil limitar, e algumas pessoas terão talvez levado a mal, terem sido "travadas". A minha energia já não era suficiente e tinha de a aproveitar para outras finalidades, sendo que a maior de todas era sobreviver. As visitas dos outros internados algumas vezes incomodavam, se bem que, estando a aguardar o transplante na UCIC, as visitas eram muito limitadas e bem controladas, e em geral, resumidas a apenas uma pessoa por doente e durante um curto período de tempo.
Certo que a intenção de todos era melhorar o "moral" do doente, mas nem sempre o que se fazia para esse fim era dessa forma entendido. Os sentimentos eram contraditórios e por vezes as alegrias das visitas eram compartilhadas e eram transmitidas, outras, pelo contrário, chocavam-me, pelo contraste com a minha situação, gerando mesmo alguma "revolta". Nem sempre o que era feito com uma intenção, era percebido por mim no mesmo sentido. Tudo era filtrado através de um filtro que mudava o seu critério em função da minha cabeça, e da forma como esta se encontrava. Tudo estava bem, mas nem tudo me fazia bem. Por vezes quando a visita saía eu ficava destroçado e revoltado.
Aos fins de semana, o grande vazio. Uma enorme avalanche de visitas mas para os outros. É no fim de semana que a maioria das pessoas vêm, mas para mim era mais durante a semana. Nunca tive falta de acompanhamento, nem de amizade e apoio. De qualquer forma eu estava sempre "acompanhado" com os meus livros, o computador, o blog, as minhas músicas, os meus cadernitos, tudo aquilo que povoava o meu pequeno mundo e o tornava melhor, mais pleno de coisas boas. Não pensar que é sobretudo dos outros que vem a mensagem de ânimo, mas desenvolver a capacidade de se auto animar.
As visitas nem sempre eram benvindas, reconheço, para quem está tanto tempo à espera, há momentos de fadiga, momentos em que a nossa solidão perante a morte nos ajuda, nos faz pensar, nos acrescenta a vontade de lhe fazer frente, e a presença de visitas, nesses momentos, é um elemento que perturba essa solidão conveniente. Mas sem as visitas é dificil sobreviver, dificil estimular a esperança, e encher os depósitos com a dose necessária. O ideal é um equilibrio, nem demais nem de menos, e nos momentos certos (o que é dificil de adivinhar...) Entendo que quem tem um ente próxino doente, sofre por ele, sente a sua falta, procura a proximidade porque isso também lhe dá alento, e ajuda a suportar a dôr e a distância.
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