terça-feira, 8 de maio de 2012

Choque



choque
s. m.
1. Encontro violento entre forças militares.
2. Embate.
3. Abalo.
4. Comoção.
5. Conflito; luta.


Pensei que a situação passada a 5 de Julho fosse excepcional e irrepetível... De facto nem uma coisa nem outra.

Até final de 2007, tudo parecia correr de feição. A recuperação fazia-se à medida que íam caindo no esquecimento os dias de Março e Abril, em que parecia que o céu me desabava na cabeça, no entanto, pequenas arritmias eram sentidas, que de imediato controlava com o meu medidor de tensão, apesar disso, assustavam-me. Sentia o aumento do ritmo cardíaco e  isso punha-me de sobreaviso, pois nada me dizia qual iria ser a evolução. Preparava-me para o pior, mas aguardava o melhor. E era o que sucedia. Acalmava. A "tempestade arritmica", como lhe chamavam, acabava abrandando até desaparecer.

Entretanto tinha ganho um novo aparelho de telemetria. Uma espécie de telemóvel grande, que estava em cima da minha mesa de cabeceira, ligado a um carregador em permanência que uma vez por dia lia os valores constantes e registados no meu CDI, e os transmitia para posterior avaliação a um site em S. Marta. Aquando das situações críticas, sempre no dia seguinte, a técnica SS telefonava-me, talvez para se certificar de que continuava vivo, e o que entretanto se tinha passado de concreto. Era o complemento adequado, que justificava o alargamento do prazo das consultas de acompanhamento em "arritmologia".

Até final de 2007 nada mais se passou, e parecia que tudo estava a cair na normalidade. No entanto, já em Janeiro de 2008, quando estava a atender um telefonema da minha filha Joana, caí no chão, desmaiado. Recuperei após a intervenção oportuna do CDI. Passados 15 dias, novo episódio, estando à espera do autocarro para Lisboa, onde ía a uma das consultas de rotina, sentado no Terminal Rodoviário de Lagoa, a minha cabeça tombou e fiquei "morto". Neste caso, como o autocarro vinha a chegar, acabei por ir mesmo para Lisboa, após reanimação, tendo toda a viagem estado meio "azamboado", meio acordado meio a dormir.

Em qualquer dos dois episódios o choque miraculoso, salvou-me de um mal maior. No dia seguinte lá estava o telefonema da SS, a interessar-se pela situação. Nestes dois  casos tudo acbou bem e sem qualquer ocorrência.

Mais complicado, por mais demorado e com outros contornos e consequências foi a situação que ocorreu 15 dias mais tarde, já no final de Janeiro.

No inicio da noite, a má disposição, o susto e a arritmia ligeira. Até aos 90 batimentos. Coisa pouca, mas para mim, o dobro do que deveria ter. Deitei-me mas não era capaz de descansar. Ía medidndo com o meu aparelho  de tensão, e por vezes subia até aos 110 ou 120 batimentos, o que para mim me deixava em pânico. A MA também começou a não saber o que fazer. Seguiam-se telefonemas para a DrªAM e DrªMJ, que naturalmente aconselhavam a chamar o INEM. Eu, tomando as anteriores situações como exemplo, não queria, mas as horas passavam e a indisposição mantinha-se. As pulsações subiam e por vezes atingiam os 160 batimentos, abaixo do valor de disparo do CDI, mas eu estava em pânico pois sentia bem no meu peito o ritmo cardíaco acelerar, e nada acontecer. Tudo me dizia que algo aconteceria mas não sabia o quê, quando e como. Entretanto a aflição continuava.

Passava da meia noite quando a MA decidiu não esperar mais e chamar o INEM que pelo telefone deu as primeira indicações. Afastar os objectos que me pudessem ferir, manter a língua foa da boca e sob controlo caso desmaiasse, para evitar sufoco, entretanto o desmaio deu-se, o CDI disparou várias vezezs ( disse-me a MA pois eu já me encontrava sem sentidos). Segundo a MA tive diversas convulsões, chamou um vizinho, amigo, para a apoiar e este acabou por me segurar. Finalmente após vários disparos a reanimação deu-se, mas a situação de pânico mantinha-se. Desta vez era forte e resistente.
Entretanto chega o INEM que procura estabilizar-me e leva-me para a ambulância, não sem antes, vários vómitos terem deixada a casa no Algarve num estado lastimoso. Alguns minutos de espera na ambulância, até estar capaz da viagem, e lá vamos, eu, a MA no carro, para o Hospital de Portimão, para as urgências, onde entrei pelas duas da manhã. O meu estado geral era de grande desorientação. Fiquei lá uma noite, durante a qual a DrªMJ convenceu o médico de serviço, que não era cardiologista, a transferir-me para o Hospital de S. Marta, na manhã seguinte, pois era por lá acompanhado.É lá vou, pelas oito da manhã para Lisboa, acompanhado de um enfermeiro brasileiro, que tinha feito a noite, e à saída, apanhou mais esta "incumbência".

Entrei de novo nos intensivos, a mesma cama do costume, junta da janela, os mesmos alarmes, lá já era conhecido ! Era a minha terceira passagem em menos de um ano por aquele local. Desta vez quando a SS me telefoneou a saber o que acontecera, já estava em S. Marta mesmo ao lado dela.
Era preciso equilibrar a medicação, ensaiar várias hipóteses e ver os resultados. Cerca de quinze dias de internamento, entre os intensivos e a enfermaria, de novo o Dr NS a tomar conta de mim e novo regresso a casa nos finais de Fevereiro 2008, com novos medicamentos, novas doses, mas sempre o mesmo problema. Desta vez tinha batido bem forte, e o choque salvou, mas não podia resolver tudo.

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