domingo, 20 de maio de 2012

Primórdios


primórdio
s. m.
1. Princípio.
2. Origem.
3. Começo.
4. Exórdio. (Mais usado no plural.)
 
Apenas se tinha colocado como vaga hipótese, ou uma possibilidade a considerar no meio de muitas outras. O transplante cardiaco. Agora, que parecia que o ajuste da medicação tinha resultado, tal hipótese ficou adormecida. Mas não caiu no esquecimento. Algumas indisposições, ligeiras variações de ritmo cardíaco, levaram a Drª MJ a colocar tal hipótese em Setembro de 2008, talvez por termos chegado ao fim da linha em termos de margem de manobra na medicação. Havia de pôr o problema ao Dr RS, de S. Marta, que ainda não conhecera, pois só ele poderia avaliar a situação, e qualquer decisão de transplante em S. Marta, passaria sempre por ele. Portanto haveria de ir a um exame com ele,como aliás já referi.

Esse exame ficou marcado para 6 de Outubro de 2008, exactamente o meu dia de aniversário, 56 anos. No dia aprazado, fiz o exame, não sem antes fazer um ecocardiograma para avaliar o nível de insuficiência cardíaca, entre outros parâmetros, que confirmou um ligeiro agravamento. O exame, uma prova de esforço com controlo respiratório, foi feito em S. Marta, e afinal até já conhecia o Dr RS, tinha sido um médico que me tinha feito uma eco, durante o internamento pós operatório da operação de triplo by pass.

Nem sequer sabia que ele era médico, pois a sua postura simples e cativante fazia dele uma pessoa fora do normal, quando comparado com a vaidade ambulante de certos especialistas.

O exame consistia, após ser ligado ás máquinas, tapado o nariz com uma mola para que a respiração se procedesse exclusivamente pela boca, percorrer com o meu passo, uma passadeira rolante, que pouco a pouco aumentava a velocidade e a inclinação, para ir tornando o exame mais dificil. Terminava quando o meu cansaço não permitisse continuar após o que seria feito o relatório, que me era entregue. No primeiro exame feito o Dr RS escreveu no relatório dos resultados, traduzidos em vários parâmetos comparados com os valores de referência. Os resultados ficaram aquém dos valores de referência, o que seria normal para um coração doente, mas não tão maus que justificassem no imediato o inicio do processo de transplante. Assim as notícias eram boas, "bela prenda de aniversário" segundo o Dr RS, embora este notasse em mim um certo desapomtamento, pois, acabaria por sair como entrei, sem nenhuma evolução na terapia, que aliás não se justificava; assim dificil de classificar as notícias.

Haveria de repetir este exame mais três vezes, sempre sem haver alguma evolução clara da degradação do desempenho cardíaco. Quando a situação verdadeiramente se degrada, e o transplante se tornou inevitável, foi no intervalo entre estes exames que fazia de seis em seis meses.

Entretanto até lá as coisas corriam bem, para lá das limitações naturais de uma pessoa com insuficiência cardíaca. Não mais taquicardia, não mais arritmias violentas, e não mais paragens cardíacas. Até um dia.

Sem comentários:

Enviar um comentário