segunda-feira, 7 de maio de 2012

Intervalo




intervalo s. m.

1. Distância que (no tempo ou no espaço) medeia entre duas coisas.
2. Intermitência.
3. .Entreato.

Estava de novo em casa. Inicio de Maio de 2007, agora, além dos problemas cardíacos conhecidos, era portador de um acessório que valia milhões, um autêntico seguro de vida para o futuro, e que me salvaria a vida em caso de arritmia grave e paragem cardíaca. Um CDI !!! 

Iriam agor decorrer três anos e meio até que a insuficiência cardíaca tomasse definitivamente conta e me conduzisse directamente ao transplante.
Entretanto muitas coisas se iriam passar. A recuperação iria ser entrecortada por alguns episódios, que sem o CDI me poderiam ter custado a vida, pois sempre me disseram que em 85% dos casos de paragem cardíaca, verificados na via pública, dá-se a morte do paciente, pois o tempo de intervenção do INEM, não é suficientemente rápido para o impedir, e em apenas 15% dos casos se verifica a reversão sem sequelas para o paciente. Isto permite concluir da sorte que tive no dia 14 de Abril. A partir de agora o risco seria menor. Mas o coração permanecia doente, e sem solução que o viabilizasse, pois consultada a internet ( que como se sabe não é fonte fidedigna), o tempo de sobrevida de uma pessoa com insuficiência é de 4 anos. E de facto, no meu caso, assim foi.

A primeira situação deu-se a 5 de Julho, isto é, cerca de dois meses após a alta. Em Ourique, ao entrar em casa a após abrir a porta à MA que tocava a campaínha, caí desmaiado, após a tontura do costume. Fui ao Centro de Saúde, após actuação do CDI, o que para mim foi absolutamente impercetível, mas para a MA, que me observou, e que viu o meu corpo inerte dar dois ou três saltos que derivaram dos choques eléctricos entretanto disparados pelo pequeno aparelho, instalado no meu peito. Mandaram-me de novo para o Hospital de Beja, onde permaneci uma noite nas urgências. No dia seguinte, e após a visita da Drª MJ, regressei a casa, agora com mais um medicamento, a amiodarona, a tal que em versão injectavel me destruía as veias, agora passava a versão comprimidos.

Este foi o primeiro de alguns sinais de que o coração não se resignava e mantinha a tendência para acelerar.
O aparelho mantinha também um ritmo cardíaco baixo, por volta de 40/43 batimentos, e jamais permitia batimentos abaixo dos 39. Funcionava assim também como "pacemacker". Com os batimentos acima dos 60 já estava aflito, e então se atingia 90 a 100 era o pânico. O valor máximo permitido pelo aparelho era de 170 batimentos, a partir dos quais se preparava para repor as pulsações no normal, ou caso não tivesse sido possível, passado um periodo programado de cerca de um minuto, executava disparos de muitos volts, de forma a provocar a reanimação, ou a colocar tudo nos eixos, fazendo assim uma espécie de "reset". Com uma máquina destas eu seria quase eterno... pelo menos de paragem cardíaca não morreria!


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