sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Espera


espera |é|
s. f.

1. Ato de esperar.
2. Ponto onde se espera.
3. Emboscada.
4. Prazo marcado (como concessão ao cumprimento de uma obrigação).
5. Saliência em parede lateral ou em peça de madeira onde .há de travar a parede ou a peça que se .projeta acrescentar-lhes.
6. Peça na extremidade do banco de carpinteiro para segurar a madeira que se aplaina.
7. Peça do torno, entre os cabeçotes, para sustentar a ferramenta.
8. Antiga pequena peça de artilharia.
9. Pequena vara que se deixa em sítio anterior à vara de poda para obstar ao alongamento das vides.



Esperar nestas circunstâncias não é linear. Temos diversos níveis de espera. A minha situação sendo urgente, pois estava dependente de medicação para viver, poderia ser interrompida no caso de alguma situação ocorrer que tornasse o transplante impossivel, é o caso de uma infeção em que o agente infecioso tem de ser combatido em primeiro lugar; só depois se avança.

A minha espera foi interrompida e fui retirado da lista de espera durante cerca de três semanas devido a uma bactéria que penetrou através de um cateter colocada na virilha, na artéria femoral..Foi uma situação desesperante, pois neste contexto a espera não é util, e no caso de haver orgão disponível, o que não cheguei a saber, este será destinado, como é normal, a outra pessoa em igual situação.

Esta é uma das mais vulgares "intercorrências" pois o meio hospitalar é "rico" em agentes que nos contaminam, bactérias, virus, muitos resistentes aos antibióticos. No meu caso o desespero ía tomando conta, pois a infeção era resistente, a febre não baixava de forma efectiva e estava cada vez mais débil, subalimentado, pois quase deixara de comer, e com pouca capacidade de reagir. Tudo me puxava para baixo, e o ânimo só podia voltar no momento em que fosse de novo integrado na lista de espera, o que apenas sucederia de novo na segunda semana de Dezembro, depois de cerca de três semanas fora da lista.

Para além desta situação, talvez a mais longa, outras ocorreram, como por exemplo, episódios de arritmia com perda de consciência (sucedeu duas vezes). A espera prolongava-se e nada me dizia qual a rapidez com que tudo se passaria.

Naturalmente nenhum anúncio prévio era dado que não fosse no dia exacto em que o orgão estivesse disponível, para não alimentar falsas ilusões, o que é normal para não ter decepções maiores do que o normal. A vida de quem espera é assim, desespera. No entanto, sem o saber, o momento ía-se aproximandoe tudo o resto não importava mais desde que lá conseguisse chegar. E isso era o que me assustava, que me provocava pânico, o pânico de acordar todos os dias e saber que "ainda"estava naquele local, à espera, à espera, à espera. Felizmente o túnel mantinha uma pequena luz acesa lá no fundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário